10/11/2006

mais

escrever mais alguma coisa, e já são 4 e 3 minutos.

seria possível tão somente dormir e acordar e poder continuar dormindo até o sono acabar. quando acaba tanto sono, de vez?

as horas perdidas madrugada adentro. Madrigal será elogio? em alguma instancia possível? a merda do laptop... Trazemos todo esse mundo para cama. E ele é tão gelado.

maníaca

mania de escrever e estar acordada às 4 horas da manhã; mania de não dormir o tempo necessário.

fiz a volta, fui ao bar. E estava tudo fechado. Todos foram embora (gosto de dizer 'foram' e não 'tinham ido')

tenho as palmas da mão muito secas agora. qualquer pessoa do mundo pode ler isso agora. Entre afogados e sobreviventes (plagiando o Levi). Os italianos são muito bons, alguns deles.

na noite, a esta hora, o silêncio é um hiato na cidade. Clichê? será? que triste se for.

dedos ressecados digitam palavras alcoolizadas agora, depois de alguns vários chopps e uma caipirinha de tangerina (não mexerica, que não sou deste tipo de mulher). Depois de Rousseau e sofrimentos de Wether numa aula de tradução daquelas coisas tão estranhas,no alemão, claro.

30/07/2006

pelo amor

Nas horas rudes, o diabo há.

Tem dó de nós, reles mortais. Nós que não sabemos o que buscamos, que vagamos por aí na ilusão de sonhos etéreos.

Prefiro, muitas vezes, realidade etílica. Talvez seja um risco... Mas quem poderá dizer?

Para que tanta saúde, afinal?

"tudo que é sólido desmancha no ar"


de Manuel Bandeira:

A fina , a doce tristeza
Que foi a dor do meu gozo
Deixou quebranto amoroso
Na cicatriz dolorida.

27/07/2006

na mesa

histórias de família. Relatos de passado, presente, futuro.

tantas coisas para serem escritas. Conseguimos tão pouco, afinal...

necessária uma organização de fatos, pessoas, datas, histórias e mentiras, sempre montes de mentiras (ou lendas, se preferirmos)

No fim, a alegria passa mesmo pelas tripas. Fazer das tripas coração. E o que se passa, nas famílias, são receitas e modos de sentar à mesa. Em conjunto. Comer para conviver. Comoventes convivas. E contra-parentes.

Repartir o pão e a conversa. Palavras podem ser pouco digeríveis, muitas vezes. Contudo, seguimos tentando essa compreensão entre comensais.

Nossos espíritos são mesmo gordos. E não há nada que possamos fazer quanto a isso. Por isso, seguimos comendo e falando muito sobre comida. Toda hora, todo dia, toda vez... até que algo arrebente. Então tudo será regurgitado.

21/07/2006

em tese

P. Klee

sério. na verdade não sei o que estou dizendo

ou sei muito pouco. Tenho sérias dúvidas. seríssimas.

tanto tempo e pouco tempo. para pensar e pensar e pensar. tanta vida e pouco tempo.

momento em desequilíbrio. pode ser fatal.

aquelas coisas que me matam... todas elas. Hora agonizante.

lar dos aflitos. ladeira da preguiça. recanto solidão.

atualizaçao

uma sexta-feira cansada, depois de dias e dias e dias

um após o outro, back and forth...

há tempos não escrevia nada por aqui. E venho sem grandes idéias (palavras mínimas apenas)

nem textos longos, nem poemas. O que serão?

desconexões no ar suspenso.

rede invisível de intrigas e mentiras. secrets and lies

a cor rubra das rosas murchas. passos de sangue (apagados)

26/04/2006

diagnostico

O silêncio me esmaga.
Corrói por dentro,
faz doer o estômago
e descamar a pele.
Trago comigo
uma dor incomunicável.

conclusao

Nada está enterrado.
Os mortos respiram em nós,
vivos na nossa essência.


[escrito em 11/04/06]

sum?

Ergo sum
logo sou. o que?
Se no princípio não era
o verbo,
e sim a ação.
Cogito
penso ou ajo?
verbalizar é dar som
aos pensamentos.
Se penso, sou?
Muito do que penso,
não digo.
Não posso dizer tudo
ao mesmo tempo.
logo:
muitas vezes não sou

reflexões fáustico-cartesianas

25/04/2006

limites



há algo mais forte sobre nossas cabeças
mais intenso diante de nossos olhos.

não sabemos sentir pequeno. tudo é imensidão e infinitude
(no possível de sua efemeridade)

as capacidades estão mais além. outro departamento sensível.

[imagem - C. Monet]

03/04/2006

estranhamente familiar


um grito mudo (ou surdo?) dentro de mim

a voz calada. impedimento pelo temor

aterrorizada pelo som estranho
da própria fala

unheimlich

tão perto e tão longe, tudo ao mesmo tempo.

[imagem - Hundertwasser]

27/03/2006


jackson pollock

muda

desnorteada

saída do nada. Nada a declarar.

Melhor o silêncio, se as palavras forem más.

Sem palavras, não palavras.

O inverso da fala. Falo? Me calo.

devaneios acordados

31/01/2006

na ilha


entorno de distrações
dispersas, desperta a todo momento

deixar pender para o lado
quando ultrapassa limites de clareza
a vista cega aos poucos, invisivelmente

música melhora os humores
(ainda que soframos do estômago e de uma estranha e inevitável consciência)
fantasma indesejados
insistem na sua vigilante permanência

imagem: Matisse "La musique"

23/01/2006



mais fruição e menos cagação de regras: lema para o ano!

invasao


sentimentos e sentidos recolhidos
numa noite calorenta na paulicéia aterrorizada

roubam-nos a vontade de viver
e, ainda assim, agradecemos pelo corpo intacto

violência, teu nome é São Paulo.
violência, vens em formas veladas e explícitas
violência, natural dos homens (sobretudo machos)

09/01/2006


em são paulo a vida volta ao normal
rotina, cotidiano, cinza. Hoje nem tanto, há sol e um pouco de azul no céu (raro).
Mas nada se compara à Busca Vida.
Pensar se a vida não deveria deslocar-se para lá.
o ano, porém, começa a engrenar. Trabalho, pensamentos, projetos...
dúvidas, incertezas e sono. muito sono, acumulado de anos insones.
na cabeceira: a infelicidade da mulher russa.

imagem: Egon Schiele. "mulher sentada"

em busca da vida




se existe paraíso na terra...

pensamentos em vigília
corpo em repouso
alma curada

paisagem para os olhos
que não cansa
vira o ano, renova o ser

05/01/2006

2006

para o vindouro ano